O sucesso de Ricardo Tozzi já era algo assombroso, aí a presidente Dilma Rousseff falou a Jorge Bastos Moreno, em entrevista publicada sábado passado aqui no GLOBO, que gostava mesmo era do Douglas, que "faz o papel de burro, mas consegue passar a imagem de uma pessoa inteligente, pela ternura do personagem"... Pronto, o Tozzi virou o cara.
- Levei um susto quando li no jornal. A presidente do país! Ela deve ter um monte de dor de cabeça, cheia de questões importantes para resolver, então se diverte com o personagem, fico feliz - conta o bonitão da novela das nove da TV Globo.
Tozzi e Dilma têm coisas em comum. Os dois são práticos - "Adoro ser prático", diz ele. Tozzi não gosta de gente que fica reclamando; ele vai lá e faz. Ele tem opiniões formadas, questiona tudo. Acha que é natural do ser pensante adquirir convicções.
- Eu tenho horror a gente que vacila. E não aguento quando alguém reclama de coisas simples, do tipo o celular quebrou. Aí fica reclamando dias. Pô, vai lá e compra outro, liga para a operadora, resolve!
Vê-se que de Douglas ele não tem quase nada. Administrador formado pela Mackenzie, de São Paulo, Ricardo Tozzi trabalhou na Câmara de Comércio Americana, não tirava férias, vivia estressado, até que, aos 26 anos, começou a ver que não era bem aquela vida que queria. Ele cresceu rápido na profissão, recebeu convites para trabalhar em várias empresas e não quis aceitar nenhum. Achou que era um sintoma. O resto, já sabemos: resolveu viajar, pintar, aprender teatro...
- Não sinto falta de nada daquela vida - garante.
Crucifixo para protegerMas Tozzi, aos 35 anos, ainda tem alma de gestor. Ele fala rapidamente, sem vacilar, coisas como "ter uma visão macro da vida".
- Você tem que ter uma visão distanciada, ver de fora. Você vai ser mais inteligente, mais feliz - explica. - Estou parecendo livro de autoajuda falando essas coisas (risos). Mas eu acredito nisso. Eu sei exatamente o meu papel na novela, por exemplo, não quero roubar a cena.
No peito, cordão com um crucifixo que tem há anos; ultimamente ele tem sentido necessidade de proteção espiritual. É o preço da fama. Sair para ser fotografado por paparazzi? "É um mico". A profissão de ator tem dessas coisas.
- É uma profissão subjetiva, e apesar de eu ser pragmático, acho bom. Estou aprendendo a lidar com esse outro lado. É esse canal que me interessa. O Ricardo de antigamente era muito duro. Eu sou muito mais legal hoje, esse é o feedback dos meus amigos - afirma. - Eu antes não dava espaço para manha, sabe? Mas a profissão de ator me ensinou a não julgar as pessoas.
Que ele é muito legal não precisava nem dizer. Mas que ainda come feito homem (comeu pipoca e sanduíche logo que chegou à sessão de fotos), cita referências a Renoir e Michelangelo, pinta telas incríveis (resolve o tema em um dia, depois produz e tchanã, ficam lindas) e gosta de usar terno comme il faut, sem invencionices, chinelos e modismos do gênero...
- Alternativo, eu? Não. Sou certinho.
Tozzi tem uma coleção de 120 gravatas. Sua predileta é uma Gucci, que comprou há 15 anos, listrada de preto e dourado: "Gosto de usar com camisa branca e terno preto". Atualmente, prefere as gravatas fininhas. De terno, ele entende também, gaba-se. Diz que é o terror das figurinistas da novela: "Eu reclamo que está grande, que o caimento não está bom...". Nesta sessão de fotos, opinou sobre as peças, pediu para não passar pomada no cabelo porque deixava os fios oleosos, e perguntou se uma camisa mais ousada era peça de desfile. Tozzi vai direto ao ponto.